Uma pesquisa realizada e publicada pela Harvard Medical School confirmou uma suspeita há muito instalada na comunidade médica: a relação entre saúde mental e saúde física, mais especificamente entre doenças cardiovasculares e depressão.
Nesse blog, explico um pouco mais sobre essa perigosa relação, que pode prejudicar muito a sua vida.
De acordo com o grupo de pesquisadores responsáveis pela pesquisa, a depressão em casos de doenças cardíacas é “comum, persistente, não reconhecida e mortal”.
Ainda segundo a pesquisa, pessoas com doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial e desfibriladores cardíacos implantados apresentam maior risco de depressão em comparação com indivíduos fisicamente saudáveis.
Entretanto, o estudo indica que a depressão antecede os problemas cardiovasculares na maioria dos pacientes, possibilitando a associação de problemas cardiovasculares como fatores resultantes de questões emocionais.
Alguns dos resultados obtidos por essas análises são:
- Em 53% dos pacientes, a depressão antecede a síndrome coronariana aguda por mais de 30 dias;
- Em quase 50% dos casos, pacientes hospitalizados por problemas cardíacos apresentavam pensamentos suicidas em até duas semanas antes de sua hospitalização.
Dessa forma, o acompanhamento psicológico se provou ser tão importante quanto o cardíaco, ou físico em geral, visto que a saúde física é fortemente impactada pela mental, e vice-versa. Prevenindo e tratando a depressão, diversas doenças físicas podem ser evitadas, garantindo a melhora da qualidade de vida do indivíduo a longo prazo em ambas as áreas.
O que dizem os estudos
Um estudo, realizado em 2018, contava com 1.075 mulheres de idades variadas e buscava avaliar a prevalência da relação entre a depressão e doenças cardiovasculares no gênero. Os resultados apontaram a presença significativa de sintomas depressivos não tratados, ou subtratados, em mulheres com, ou que possuem alto risco de desenvolver, doenças cardiovasculares.
Estudos como esse são essenciais para ampliar os tratamentos para doenças psicossomáticas.
Ainda nessa vertente, em 2012, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças ao redor do mundo evidenciaram que um terço de todas as consultas médicas primárias são motivadas por algum componente de saúde mental, nos permitindo relatar o quão comuns são os problemas na saúde mental em toda a população.
É importante ressaltar que os estudos citados acima foram realizados antes da pandemia de Covid-19 em 2020, período em que os números de casos psicossomáticos certamente pioraram!
Doenças psiquiátricas, como a depressão e a ansiedade, comumente afetam a habilidade do indivíduo de manter uma vida normal ou mudar seu estilo de vida em prol da saúde física, consequentemente acarretando na sua piora, tanto no físico quanto no emocional.
Estatisticamente, indivíduos com mais de 60 anos que possuem depressão são mais propensos a procurar tratamento do que os mais jovens com a mesma doença. Ao mesmo tempo, mundialmente, a faixa etária dos mais acometidos pelo transtorno são jovens de 15 a 24 anos.
Com a melhora da detecção e tratamento de transtornos psiquiátricos, em especial a depressão, tratamentos de diversas doenças físicas, dentre elas as cardiovasculares, vão ser mais eficazes e garantir maior qualidade de vida ao paciente.
Cuidar da nossa saúde é essencial, seja ela física ou mental. Não deixe de se consultar com um especialista em saúde mental quando necessário.